Cruz: onde colocar?
Vivemos
intensas polêmicas a respeito da Cruz nos últimos tempos. Deixar ou tirar a
Cruz dos lugares que não são propriamente religiosos? O debate foi grande.
Na
pregação do Retiro Diocesano das Santas Missões Populares, Pe. Leomar Brustolin
disse uma coisa que impactou os cinco mil católicos que estavam lá: “O problema
não é que tiraram Jesus das paredes, o problema é que o tiramos, há muito
tempo, do nosso coração”.
De
que adianta uma Cruz numa parede, num carro, num pescoço, se não estiver dentro
de nós, impressa em nosso modo de ver as coisas, de agir, de falar? Não serve
para nada. É pura fachada, adereço, enfeite, amuleto.
Para
muitos, Cruz significa morte. Onde alguém morre, crava-se uma Cruz para
assinalar. As pessoas passam em frente à Igreja e, escondidamente, fazem sobre
si o sinal da Cruz. Ela adquiriu muitos sentidos que nem sempre têm a ver com o
original.
(...)na Bíblia, Evangelho
segundo Marcos, capítulo 8, versículo 27 ao 35. (...). Jesus pergunta aos discípulos quem o povo pensa que Ele é.
Aparece tudo que é tipo de opinião. Depois pergunta aos discípulos o que eles
pensam. Pedro, em nome dos Doze, afirma: “Tu és o Messias”. Logo depois Jesus
fala da Cruz, rejeição, sofrimento, morte e ressurreição. Pedro não consegue
conceber que o Messias sofra, seja crucificado. Jesus, então, conclui: “Se
alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua Cruz e me siga. Pois quem quiser
salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e
do Evangelho, vai salvá-la”.
Abraçar
a Cruz não significa masoquismo, busca por sofrimento. Abraçar a Cruz significa
assumir a vida com tudo o que ela comporta. Olhemos para um pai ou uma mãe: é
só felicidade e alegria? Não. Pais enfrentam dificuldades, têm que renunciar a
muitas coisas, se sacrificam. Mas são felizes porque sabem que tem sentido o
que estão fazendo. Vale a pena. Se realizam ao doar-se. Esta é a lógica da Cruz.
O
mundo faz uma propaganda de felicidade que não existe. Ou existe por pouco
tempo, passa logo. As pessoas compram para mostrar o que possuem, investem alto
no visual, cuidam da imagem como nunca o fizeram. Muitas, contudo, são pessoas
vazias. Pura aparência. Não é o caminho da exibição, da aparência e da estética
que realiza.
Há
beleza maior que a de Cristo desfigurado na Cruz? É a beleza da entrega, da
doação, da verdade. É uma beleza profunda, com sentido, nobre. Quem doa sua
vida, esse a salva. Quem guarda sua vida, perde-a. A Cruz é sinal de entrega,
de doação, de vida, de salvação, de superação.
Você
tem uma Cruz em casa? É importante tê-la, olhar para ela, rezar diante dela e,
principalmente, inspirar-se nela para viver o Evangelho. Cristianismo sem Cruz
não é verdadeiro. Quem promete vida sem sofrimento mente, ilude, falseia a
verdade.
Deixemos
a Cruz nas paredes. Mas não esqueçamos de pendurá-la em nosso coração. E não
esqueça: a Cruz só é compreendida quando ligada à Ressurreição. Ela é sinal de
salvação.
Pe.
Eduardo Luis Haas